sexta-feira, 4 de maio de 2012

É engraçado pensar em tudo isso, digo, pensar em nós dois. Estamos sempre fazendo as coisas erradas tornarem-se certas, e as certas, o mais errado possível. Já percebeu, certo? Quer dizer, somos todos atrapalhados, e embaraçosos. Brigamos de dois em dois minutos, e não conseguimos falar sério nunca. Escrotos, sim, somos totalmente escrotos. Não só nós dois, mas todo o mundo. Sorrimos pára esconder a dor, e choramos de felicidade. E quando discutimos — sempre, ou quase isso — vamos cada um para o um lado, sorrindo para fingir que não doeu. Somos engraçados porque brigamos por estar junto, e brigamos por estarmos separados. Dizemos que não queremos mais, mas choramos só de pensar em separar. Somos grossos, e filhos da puta, mas somos egoístas ao ponto de não nos dividirmos com ninguém.Queremos sempre exclusividade e ao mesmo tempo, queremos espaço. Queremos tranquilidade, mas temos medo de solidão. Queremos farra, mas no final do dia, queremos nós dois, juntos, cheios de mimimi. Somos dois bipolares do caralho, digo, somos aquele casal bizarro. Somos um filme de comédia romântica, somos um teatro mudo, somos sol em um dia nublado, chuva em um dia quente. Somos o oposto em tudo, também. Quero dizer, temos gostos diferentes, quereres opostos. Sabe aquela frase “os opostos se atraem”? Pura falta de vergonha na cara, mentira na certa. Os opostos brigam, mentem, magoam, mas nunca, em hipótese alguma, se atraem. Quer dizer, talvez ele se atraem e tudo mais, mas sabe aquela baboseira de “eu te amo porque somos diferentes”? Não acredita nisso aí não, os opostos cruzam olharem, fazem um gostoso, tiram proveito, se iludem um pouquinho, e partem pra outra. Sabe porque? Porque é furada, porque é burrice ficar batendo na mesma tecla sabendo que nada vai mudar, que nenhuma letra aparecerá. Não insistem porque sabem que é ridículo se auto enganar, se auto destruir. É engraçado pensar em nós, porque sempre surge aquela pontinha de dúvida: Será que somos uma exceção, ou será que somos engano?